Essa é, certamente, uma banda que deu sorte com seus vocalistas. Avaliando apenas os mais longevos, ainda podemos encontrar fãs que se divertem debatendo a preferência entre Joey Belladonna e John Bush. Porém, a geração que vivenciou o grande boom oitentista do estilo ainda guarda o nome de Neil Turbin em um local especial no coração. Podemos até afirmar que, dentre os três, Turbin era o mais “Metal”, mas, infelizmente, sua carreira posterior ao desligamento do quinteto novaiorquino não foi alavancada na mesma medida da potência absurda de seus agudos.
Fazer uma resenha simplificada de “Fistful of Metal” seria bem fácil: Primeira música, você começa a bater a cabeça imediatamente; segunda, você continua batendo a cabeça sem parar; terceira, você bate a cabeça mais pausadamente; quarta, você volta a bater a cabeça aceleradamente… Acho que já deu para entender o conteúdo do trabalho, mas, sendo um pouco mais articulado, essa estreia da banda é tão impactante quanto já se deixa perceber pela sua música de abertura: uma porrada furiosa chamada “Deathrider”, cuja bateria sapateia em cima de quem estiver na frente. Os tambores de Charlie Benante estão tão evidentes, tão destacados na mixagem, que quase desviam a atenção do restante dos elementos da faixa. Só que “Deathrider” é o tipo de música que lhe absorve por completo e lhe mantém em total estado de atenção, se destacando tanto pelas bases cortantes quanto pela criativa linha de baixo do refrão.
Em seguida, entra sua sequência natural – e o maior clássico dessa primeira fase da banda – “Metal Thrashing Mad”. Essa música parece ter sido trabalhada, repensada e ensaiada à exaustão, para ficar tão redonda como é. Não tem um segundo desnecessário em sua duração e tudo é bem encaixado: o riff, as estrofes, a ponte, refrão, solo, tudo! Depois dessas duas catarses, o disco já cumpriu seu papel e já ganhou o status de clássico, mas o nível prossegue alto. “I’m Eighteen”, o cover de Alice Cooper, poderia até ter sido dispensado em favor de mais material original, mas ele soa muito bem, embora tenha que se considerar que é praticamente impossível não obter um bom resultado de uma composição de Alice Cooper.
O período de surgimento de bandas como o Anthrax pareceu ser um rompimento em relação ao que as bandas clássicas de Metal faziam. Puro engano. Essa impressão pode ter sido causada, à época, pela estranheza que o peso e a velocidade extrema, inerentes ao Thrash, refletiam sobre o público daquele momento. Hoje, é fácil perceber que as influências estavam ali o tempo todo, até de forma escancarada. Veja, por exemplo, os toques de Iron Maiden em “Panic”. Ou do Judas Priest em “Subjugator”. A segunda metade de “Fistful of Metal” vai mais fundo na pegada tradicional. “Death From Above” é uma música que resvaladamente passa longe de qualquer tendência Thrash. É Metal básico da melhor qualidade e tem um refrão excelente, com Neil novamente se destacando. O encerramento também é nessa veia, com a excelente e cadenciada “Howling Furies”, que também tem alguns toques priestnianos.
Depois desse álbum, o Anthrax perdeu seu vocalista e seu baixista, mas reiniciou sua trajetória com um cantor mais melódico e pisando ainda mais fundo no acelerador. Gravou um terceiro disco que teve um sucesso tão grande que, de certa forma, se sobrepôs sobre o restante da discografia, mas a banda só chegou ao patamar atingido porque acumulou êxitos no percurso. Começar com os dois pés direitos – e com os punhos, conforme a capa de “Fistful Of Metal” – foi essencial.
Formação
Neil Turbin – vocal
Dan Spitz – guitarra
Scott Ian – guitarra
Danny Lilker – baixo
Charlie Benante – bateria
Músicas
01 Deathrider
02 Metal Thrashing Mad
03 I’m Eighteen
04 Panic
05 Subjugator
06 Soldiers of Metal
07 Death from Above
08 Anthrax
09 Across the River
10 Howling Furies
Fonte: Roadie-metal.com
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