Olá caros headbangers, bem-vindos a mais um “A História Por Trás da Canção” nessa segunda-feira maravilhosa, quadro esse onde toda semana descobrimos um pouco sobre o contexto por trás das letras das músicas de Rock e Metal que tanto amamos.
E se você acompanha a Roadie Metal diariamente, provavelmente deve ter visto que recentemente fizemos o Roadie Metal Cronologia da clássica banda Manowar, grupo esse que é conhecido por trazer temáticas épicas, normalmente envolvendo fantasia ou mitologia nórdica.
Mas na música que falaremos hoje, a banda decidiu abordar uma temática completamente diferente, sendo até mais sombria do que o usual, sendo ela a faixa “Guyana (Cult of the Damned)”, lançada em 1984 no álbum “Sign of the Hammer”.
Diferentemente da maioria das músicas do Manowar, a faixa em questão adota uma atmosfera mais tensa em sua sonoridade, e a razão disso certamente se deve a sua temática que é até bem pesada, e quem conhece a história sabe muito bem o que estou falando.
A letra se trata de uma das histórias mais trágicas causadas pelo fanatismo cego por uma figura religiosa, sendo essa o suicídio coletivo dos fiéis do Templo do Povo, liderado pelo pastor americano Jim Jones, ocorrido em 1978 em Guiana.
Bom, antes de falar da tragédia em si vamos falar de forma resumida sobre quem foi o reverendo Jim Jones.
Jim Jones sempre foi uma pessoa religiosa desde criança, e ao longo que foi crescendo ele passou a se interessar cada vez mais por religião e por questões sociais. Com isso, em sua juventude, ele passou a ser uma pessoa que sempre se posicionava em favor da inclusão dos negros, isso em uma época em que a segregação racial ainda era uma coisa socialmente aceita nos Estados Unidos, luta essa que lhe custou a expulsão de igrejas a qual trabalhava.
Com isso, em 1954, Jim Jones criou a sua própria igreja, que foi posteriormente batizada de “Templo do Povo”, em Indianápolis, local esse que tinha como ideia que todos seriam bem-vindos de forma igualitária, independente da sua cor de pelo ou classe social.
Dada essas primeiras informações, imagino que a primeira impressão é que Jim era um cara bem intencionado e que lutava por uma causa nobre, certo?
Pois bem, de fato ele lutava por uma causa nobre no início, que era a da inclusão social, mas não se deixe enganar, pois como diz a famosa frase: “De boas intenções o inferno está cheio”.
Com o passar do tempo, Jim passou a conquistar mais notoriedade, e consequentemente, mais seguidores, chegando até a ter influências políticas (e vale ressaltar que Jones era um seguidor dos ideais comunistas), e ao longo que esse poder foi lhe subindo a cabeça as coisas começaram a ficar cada vez mais estranhas.
Antes de tudo, vale ressaltar que o reverendo sempre teve uma estranha fixação pela morte, e após a criação do Templo do Povo, começaram a surgir relatos de ex-seguidores de Jim Jones que segundo eles, o reverendo ameaçava de morte constantemente aqueles que “desertassem” a seita, isso sem falar em casos de abuso sexual, lavagem cerebral, e o fato dele exigir praticamente 20% da renda dos fiéis como forma de “doação” a sua igreja.
E a partir do momento que essas denúncias começaram a chamar muito a atenção, com medo de ser investigado pelo Governo dos Estados Unidos, Jim Jones decidiu transferir toda sua seita para a Guiana, onde lá criou a Jonestown, levando para lá mais de 900 seguidores, que dali em diante passariam a viver em uma espécie de “paraíso”, onde todos seriam iguais.
Mas, fato era que os moradores de Jonestown passaram a vivenciar um mini-regime socialista nas mãos de Jim Jones. Era completamente proibido sair do local, realizar qualquer prática capitalista, e claro, falar mal do pastor Jim Jones, isso sem falar que os seguidores trabalhavam nas plantações do local de forma praticamente escrava, em um solo quase estéril. E aqui citei apenas alguns exemplos, pois houveram muito mais denúncias.
E aí que finalmente chegamos ao fatídico dia 17 de novembro de 1978, quando o deputado Democrata Leo Ryan e mais três jornalista decidiram ir a Jonestown investigar todas essas denúncias.
Claro, ao chegarem lá, eles tiveram uma recepção calorosa por parte de todos, fazendo o deputado acreditar por um instante que todas as denúncias eram mentira, e que as pessoas ali realmente estavam no “paraíso”. Mas, a farsa caiu após um dos jornalistas receber um bilhete de um dos moradores, onde ele relatava as condições em que viviam, expressava seu desejo de sair dali e revelava que todo aquele “espetáculo” havia sido armado pelo próprio Jim Jones.
Claro, os jornalistas questionaram Jim Jones, tendo ele negado as denúncias veementemente de forma bastante defensiva, e pedindo para que os repórteres e o deputado fossem embora. Além disso, durante essa confusão o próprio Leo Ryan sofreu uma tentativa de assassinato a faca por um dos fanáticos do pastor.
Após isso, o deputado e os jornalistas decidiram finalmente deixar Jonestown, levando com eles algumas pessoas que queriam ir embora dali. Mas, ao chegar no aeroporto, os mesmo foram alvejados pelos capangas de Jim Jones, causando a morte de cinco pessoas, entre elas, a do deputado Leo Ryan e dos três jornalistas.
Temendo que aquele incidente fizesse com que o Governo Americano fosse atrás dele em Jonestown, Jim reúne todos os seguidores no pátio, e fala a seguinte frase:
“Se não podemos viver em paz, então morreremos em paz!”
Com isso, ele propôs aos seguidores um “Suicídio Revolucionário”, em protesto ao mundo injusto e desumano, exigindo assim que todos tomassem um suco de cianeto. Sendo assim, mais de 900 pessoas, entre elas mais de 300 crianças, morreram nesse que é considerado até hoje o maior suicídio coletivo da história. Jim também foi encontrado morto no local, mas com um tiro na cabeça, o qual não se sabe até hoje se foi disparado por ele mesmo ou por outra pessoa.
Na época, esse foi o maior ato contra civis americanos na história, tendo sido superado apenas em 2001 após os atentados de 11 de setembro.
Por mais que eu tenha falado bastante aqui, essa foi apenas um resumo de toda a história, caso queiram saber com mais detalhes, recomendo que assistam esse vídeo do canal Freak TV.
E logo abaixo está um vídeo da música do Manowar com a letra, a qual vocês agora podem acompanhar reparando em todos os detalhes, e a ligando ao fato:
Fonte: Roadie-metal.com
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