sábado, 17 de setembro de 2022

RESENHA: BEHEMOTH – “OPVS CONTRA NATVRAM” (2022)


 Quatro anos após “I Love You At Your Darkest”, a veterana banda polonesa de Blackened/Death Metal, Behemoth, lança o seu décimo segundo full lenght, “Opvs Contra Natvram”, pelo selo Nuclear Blast.

  

O vocalista, guitarrista e letrista Adam Michał Darski, mais conhecido como Nergal, acumula durantes esses anos uma legião de fãs e, também, uma legião de haters. Ele tem aquele tipo de personalidade artística 8 ou 80, ou seja, ou você ama ou odeia. Porém, o que ninguém deveria negar é a sua relevância. Na Polônia, um país predominantemente católico, tocar Metal extremo e fazer parte do mainstream é algo respeitável e para poucos. Nergal, Orion e Inferno são totalmente merecedores de suas conquistas.

A faixa de introdução “Post-God Nirvana” é mais narrada e dá uma ideia do que encontraremos adiante.

“Ó LIBERTINO! TUA VONTADE SEJA FEITA / DERRAMAR A ESCRAVIDÃO DA ESCRAVIDÃO VULVICA / MOER AS PAREDES / QUE VELAM O SOL / CONQUISTEM HOJE, MEUS IRMÃOS, SEM MEDO / HOC SIGNO FERTOTE LVX / E ASSIM O SOL NASCEU NO OESTE / APENAS PARA A LUZ OFUSCANTE SE CANSAR NO LESTE / COM PAIXÕES SUBJUGANDO TODO DISCURSO EM ADMIRAÇÃO / ADORAMOS O DIABO, SAUDAMOS A BESTA!”

Na sequência, a acelerada e destruidora “Malaria Vvlgata” revela a verdadeira mensagem de boas-vindas do álbum, esmagando mentes vazias e vidas sem sentido. Inferno é o mesmo triturador de peles de bateria que tive a felicidade de presenciar ao vivo em 2015. Nergal exibe a mesma ferocidade de seu vocal, seus riffs e solos avassaladores, enquanto Orion consegue explorar frases melódicas, as encaixando em momentos pouco imagináveis.

 “The Deathless Sun” intercala mudanças rítmicas que fazem aumentar ainda mais o deleite da audição. Diferente de sua antecessora, essa canção tem teclados e back vocals mais evidentes, agregando diferentes fórmulas ao contexto da obra. Cito, novamente, a indiscutível capacidade técnica dos três instrumentistas, pois isso é explicitamente perceptível. “Ov My Herculean Exile” é ainda mais cadenciada, ademais, possui uma pitada extra de Black Metal, o que torna todas as faixas distintas até aqui. “Neo-Spartacvs” também faz parte dessa onda Black, mas, sem repetir a fórmula da música anterior. Inferno e Nergal crescem suas performances a cada segundo.


Em “Disinheritance”, a qual resgata discretamente o Blackened/Death, é a vez de Orion mostrar ainda mais o seu valor na introdução, sendo a cereja desse bolo bestial. Na parte final, essa música ainda conta com um trabalho formidável de Inferno e Orion. “Off To War” introduz daquela forma sombria, cheia de suspense, sendo uma abertura ideal para set list.

“DEVO AGIR SOZINHO? SE SIM, VOU SEPARAR A CARNE DO OSSO / DEVO AGIR SOZINHO? SE ASSIM FOR, SEREI O ARAUTO DO ENXAME DO ACERTO DE CONTAS / ANFITRIÃO DOS CONDENADOS / DESTRONAR DEUS MALÉVOLO / OUÇA OS CANHÕES RUGIREM / ESTAMOS INDO PARA A GUERRA / DESCOROA ELE COM AS RÉDEAS ADORNADAS / ESCURECER O ÍCONE / NÓS POR QUEM NENHUM DEUS DEVE CHORAR / FORA PARA A GUERRA / EU SOU UM DEUS, SATANÁS OU UM HEMISFÉRIO DE OBSIDIANA? / SOU O SOBERANO PREDESTINADO OU O INVERSO DA SANTIDADE? /CONSIDERE A GRANDE SOLIDÃO DO HOMEM VERDADEIRAMENTE LIBERTADO / PREPARADO PARA ARRASAR A FRÁGIL HUMANIDADE MAIS UMA VEZ.”



“Once Upon A Pale Horse” conta com interessantes riffs executados com guitarras mais limpas ou muito menos distorcidas. Por alguns instantes, tenho a impressão de estar diante do saudoso Neil Peart tocando música extrema pelo show de repiques, absurdamente, lindos de Inferno.

Blackened/Death Metal retorna imponente em “Thy Becoming Eternal”. A bateria parece tocar outra música distinta, porém, como mágica, tudo se encaixa com precisão e “divina” beleza, se é que esse adjetivo pode caber em uma análise de um disco do Behemoth.

O encerramento fica por conta da canção “Versvs Christvs”, a qual eu defino como uma mescla equilibrada entre Doom Black Metal. Aos cinco minutos de duração, o ritmo acelera por um minuto, aproximadamente, mas ela encerra com a mesma pegada inicial.

Se “Opvs Contra Natvram” vai cair na graça dos admiradores de Behemoth, é difícil precisar, porém, embora ele contenha absolutamente nada diferente do que já fora apresentado pela banda em suas três décadas de carreira, o mesmo entrega o nível de composições que estamos acostumados a receber do trio polonês. Eu, particularmente, gostei bastante do disco e decepção é uma palavra que soaria como heresia em qualquer análise do full lenght de número doze de Nergal e Cia. Ltda.


Fonte: Mundometalbr.com

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