quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A HISTÓRIA POR TRÁS DA CANÇÃO - SEPULTURA – MANIFEST

 


Olá caros headbangers, bem-vindos a mais um “A História Por Trás da Canção”, nossa quadro semanal onde você aprende todas as segundas-feiras sobre todo o contexto lírico por trás das músicas de Rock e Metal que tanto amamos.

E vamos falar de metal nacional hoje, mas especificamente daquele que é o maior nome do estilo no país, a grande banda mineira Sepultura. E para agradar gregos e troianos, falaremos de uma faixa da época de ouro deles, lançada no álbum “Chaos A.D.” de 1993.

De fato, a canção “Manifest” está longe de ser uma das mais consagradas do quarteto, apesar de estar em um dos álbuns mais marcantes do grupo. Mas ao mesmo tempo, podemos dizer que é uma das músicas mais curiosas do disco, primeiramente pelo fato da mesma ser 99% falada, e não cantada. E segundamente, por ela falar de um dos fatos mais marcantes ocorridos em São Paulo no início dos anos 90.

A música fala do famoso massacre ocorrido no antigo presídio do Carandiru, em outubro de 1992, onde durante uma intervenção da Polícia Militar do Estado de São Paulo para conter uma rebelião dentro da unidade, 111 detentos acabaram sendo mortos em uma grande chacina.


Antes de falar dos detalhes da canção, vamos explicar um pouco o que aconteceu naquele fatídico 02 de outubro de 1992.

Tudo começou durante uma partida de futebol disputada entre os detentos no pátio do Pavilhão 9, onde durante uma briga ocasionada pelo jogo acabou se desencadeando em uma grande rebelião. Com isso, a Polícia Militar, comandada pelo Coronel Ubiratan Guimarães, foi acionada para o local com o intuito de “acalmar” a situação.


Mas, após Pedro Franco de Campos, atual Secretário de Segurança Pública de São Paulo, dar a autorização para que a Polícia invadisse o complexo, o que ocorreu foi uma verdadeira chacina, que resultou na morte de 111 pessoas, todas elas presidiárias.

O caso repercutiu como um dos maiores massacres ocasionados por truculência policial, custando inclusive o cargo do Secretário Pedro Franco um mês após o ocorrido. O julgamento dos policiais envolvidos durou mais de 20 anos. O comandante da operação, o Coronel Ubiratan Guimarães, chegou a ser condenado a 632 anos de prisão em 2001 (seis anos para cada homicídio, e vinte anos para cada uma das cinco tentativas de homicídio a qual foi acusado), mas em 2006, após o mesmo se eleger deputado estadual por São Paulo, a Justiça o absolveu da pena, em setembro daquele mesmo ano Ubiratan foi assassinado, e no muro do prédio onde morava foi pichada a frase “aqui se faz, aqui se paga”.

Há quem diga também que a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) foi criada por criminosos de outras unidades prisionais de São Paulo como resposta para o massacre do Carandiru, mas isso ainda é bastante questionado hoje em dia.

Agora retornando a faixa do Sepultura, como foi dito anteriormente, a maior parte da música é falada (como se fosse realmente um manifesto), e a letra além de relatar com detalhes o massacre do Carandiru, também faz críticas a Polícia Militar ao ressaltar a fama que a mesma tem de sempre agir com truculência e violência em excesso. Lembrando mais uma vez que estamos falando do início dos anos 90 aqui.

Para aqueles que quiserem saber mais detalhes sobre o ocorrido, obviamente irei recomendar o filme “Carandiru” de 2003, dirigido por Héctor Babenco, que é baseado no livro “Estação Carandiru”, do médico Dr. Dráuzio Varela, onde o mesmo relata suas experiências tratando pacientes de dentro do complexo prisional.

Fonte: Roadie-metal.com

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