sábado, 28 de maio de 2022

TRINCA DE ASES: EXODUS – A FASE DUKES

 

Com o passar dos anos, o Exodus se tornou aquele tipo de banda que dispensa apresentações, sendo um dos mais importantes e seminais representantes do Thrash Metal da Bay Area de São Francisco e também mundial.

Entre os anos de 1985 e 1989, fecharam sua trinca inicial com clássicos absolutos do Thrash. A tal trinca foi formada pelo magnânimo debut “Bonded by Blood”, com Paul Baloff nos vocais, “Pleasures of The Flesh” com Steve Zetro fazendo sua estreia no front da banda, e “Fabulous Disaster” fechando a década de 80 com chave-de-ouro. Mas, como bem sabemos, o caminho percorrido pelo Metal e seus subgêneros na indústria da música é muito mais tortuoso e inclemente.


Não vamos entrar em detalhes novamente sobre como a década de 90 foi conturbada para o estilo e generosa com outros subgêneros, vamos apenas nos limitar a dizer que foi aí que começou a ser crianda uma tendência pela busca de mudanças de sonoridades e atitudes. Uma das principais responsáveis por tudo isso (talvez a principal banda responsável por essa mudança de paradigmas), foi justamente uma banda de Thrash da Bay Area, em seu quinto registro de estúdio com capa de cor preta. Vocês me entenderam…

Pois bem, voltando ao Exodus, ainda com Steve Zetro firme no front da banda, lançam seu quinto full lenght em 1992, o injustiçado “Force of Habit”, que tentava se adaptar as novas tendências sem perder completamente a sua excência. Após o lançamento deste registro, a banda entra em um período de hiato que vai até o ano 1997, retomando brevemente com o saudoso Paul Baloff nos vocais e lançando o ótimo registro ao vivo, “Another Lesson In Violence”. No ano de 2001, eles retornam oficialmente as atividades na promessa de novo registro de estúdio.

Após anos de espera, em 2002 vem a morte precoce de Paul Baloff, vítima de um ataque cardíaco, aos 41 anos de idade. Steve Zetro volta ao posto, substituindo Baloff pela segunda vez. No ano de 2004, é lançado o excelente e muito aclamado “Tempo of The Dammed”, considerado por crítica e público como um dos melhores álbuns de Thrash dos últimos anos, colocando o Exodus no mapa novamente.

Mas ainda em 2004, Steve Zetro abandona a banda por conta de problemas pessoais.

No ano seguinte, Rick Hunolt, guitarrista desde 1983, também resolve deixar o Exodus, abrindo espaço para a entrada do fantástico Lee Altus (Heathen). O baterista e membro fundador, Tom Hunting, também faz o mesmo, citando problemas médicos na época, sendo substituído pelo excelente Paul Bostaph (Slayer, ex-Forbidden). E por último, mas não menos importante, para o lugar de Steve Zetro, entra o monstruoso Rob Dukes, dando inicio a uma das mais potentes trincas do Thrash Metal, dos últimos 20 anos.


Em 2005, é lançado o insano “Shovel Headed Kill Machine”. Um disco em que ao mesmo tempo em que soa diferente por conta do estilo vocal de Rob Dukes, parece ser um filho mais novo de “Tempo of The Dammed” devido à repetição da mesma formula. É importante deixar registrado que apesar do mesmo estilo de composição, é inegável que “Shovel Headed Kill Machine” soa mais agressivo e pesado que seu antecessor.

Os destaques são muitos e faixas como as excepcionais “Raze”, “Deathamphetamine”, “I Am Abomination”, “Going Going Gone” e a canção título, apresentam uma banda renovada e pronta para disparar insanamente o seu Thrash devastador na direção de quem estiver pela frente


No ano de 2007, vem à segunda cartada da trinca, e o novo monstrinho de Gary Holt atendeu pelo nome de “The Atrocity Exhibition: Exhibit A”. Com a introdução de alguns elementos sonoros diversos, mas sempre mantendo a raiz do Exodus firme e intacta, o quinteto equilibrou muito bem o Thrash Old School com a uma sonoridade mais moderna e arranjos um pouco mais melódicos que o de costume.

O registro também marca o retorno de Tom Hunting à bateria e se você é um dos que ouviram críticas a esse disco, tenha certeza que são críticas totalmente infundadas. Composições esmagadoras como “Riot Act”, “Funeral Hymn”, “Children Of A Worthless God” e “Iconoclasm”, servem justamente pra você colocar para aquele seu amigo hater ouvir e depois pedir pra que ele fique quietinho.


Dois anos depois, em maio de 2010, vem o lado B da “exibição de atrocidades” do Exodus. Produzido novamente pelo mitológico Andy Sneap, sim, o anterior também foi, “Exhibit B: The Human Condition” fecha a trinca de ases da era Dukes da maneira mais visceral, agressiva, frenética e com aquele clima de trem descarrilando em filme de ação. É preciso dar os méritos ao homem, somente Gary Holt e companhia conseguem fazer isso tão bem.

Trazendo novamente os temas mais sombrios e perturbadores para as letras, sem censura e sem medo de falar sobre o pior e mais obscuro lado do ser humano, o Exodus mais uma vez acerta a mão. Neste registro podemos escutar a formação da banda em seu ápice, bem mais entrosada e confiante, mostrando que havia muito potencial a ser explorado com Rob Dukes nos vocais. As músicas que nos dão razão atendem pelos nomes de “The Ballad Of Leonard And Charles”, “Hammer And Life”, “Downfall”, “Good Riddance” e a épica “The Sun Is My Destroyer”.


No final das contas, não podemos nos lamentar pelo fim desta formação, até por que foi depois disso que ganhamos o Exodus em sua versão mais letal que é a que temos hoje. Mas fica ao menos a curiosidade em saber como seria o tal “Exhibit C”, abandonado depois de composto quando Dukes deixou a banda para novo retorno de Zetro.

Se você chegou até este ponto da leitura e nunca deu a atenção necessária a estes três grandes trabalhos, antes de partir para “Blood In Blood Out” e “Persona Non Grata”, faz um favor aos seus ouvidos e escute os registros com Rob Dukes nos vocais.

Fonte: Mundometal.com

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