quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Krisiun: Eu vejo o metal no Nordeste como uma força nacional

Nas mãos de uma das maiores bandas brasileiras, o KRISIUN, foi colocada a responsabilidade pelo começo do fim. A banda gaúcha foi a primeira a se apresentar nesta segunda-feira no Estacionamento da FIERGS e abriu oficialmente a última turnê no Brasil dos pais do Heavy Metal, o BLACK SABBATH. O trio de brutal death metal formado porAlex Camargo (baixo/vocal), Moyses Kolesne (guitarra) e Max Kolesne (bateria) também é uma das atrações do Maniacs Meeting Festival. O evento será realizado durante três dias, na Fazenda Evaristo, em Rio Negrinho (SC), promete atrair pessoas de várias cidades como Curitiba (115 km), São Paulo (518 km), Porto Alegre (619 km), Rio de Janeiro (965 km) e Belo Horizonte (1.140 km). Este foi mais um dos assuntos sobre os quais conversei com Moyses Kolesne este ano. A primeira parte da entrevista você confere aqui:

Daniel Tavares: Este ano nós tivemos a notícia de que uns conterrâneos de vocês voltaram à ativa e inclusive já tem shows no exterior também, a REBAELLIUN. O que você acha disso? Quando eu os entrevistei eles falaram muito bem de vocês. E o que você tem a falar sobre eles também?

Moyses Kolesne: É muito legal, cara. Sou muito amigo dos caras. A gente se conhece desde a época de Porto Alegre e ver eles voltar é maravilhoso. O Brasil às vezes está carecendo de bandas brutais hoje em dia. Muitas bandas vem e voltam, né? Eu espero que eles venham e fortaleçam a cena, que continuem tocando cada vez mais, crescendo cada vez mais... É uma grande banda. Admiro muito. Tenho muito orgulho de ter conhecido os caras desde moleque lá em Porto Alegre. É algo muito positivo isso aí.

Daniel Tavares: Vocês são atração confirmada no Maniacs Metal Meeting. Vocês já podem adiantar alguma coisa sobre esse festival?

Moyses Kolesne: Mano, espero que seja um festival muito legal, que o cara faça direito, que o público compareça, que apoie esse cara, o Chronos Entertainment, que está fazendo um trabalho muito bom. Talvez as pessoas pensem que tem a ver com o Zombie Ritual, que era em Rio Negrinho, na mesma fazenda. Só que é outro cara, é outra produção. É um cara muito sério, então, eu tenho certeza de que vai ser um festival muito legal, feito por um cara que é bem responsável. E que as pessoas não tenham medo de ir, que com certeza vai ser um festival muito legal esse aí.

Daniel Tavares: Continuando a falar sobre shows, agora no exterior, você vê diferenças na forma como vocês, como o KRISIUN é recebido na Europa e nos Estados Unidos?

Moyses Kolesne: Mano, basicamente, muito parecido. Hoje em dia a globalização está aí. É muito parecido no mundo todo. Não tem uma grande diferença. Talvez, em alguns lugares como o Japão, o povo é assim um pouco mais quieto, mais... tem um entusiasmo, mas se expressam de uma maneira um pouco diferente. E nos Estados Unidos, eu acho que o povo é um pouco mais louco. Eles curtem mais mosh pit. Na Europa também, tem alguns lugares que o povo fica bem louco. Eu acho que antigamente achavam que o povo era diferente, mas o que eu tenho visto é que essa nova geração é muito parecida. No mundo todo a molecada vai, fica bem louca no show, curte. Alguns fazem stage dive, outros ficam no mosh pit, outros ficam na grade, outros ficam só batendo cabeça. E eu acho muito parecidos, o europeu o americano são muito parecidos no espírito deles.

Daniel Tavares: E das bandas de hoje? Ultimamente a gente tem só perdido grandes personalidades da música. E das bandas de hoje, da molecada ou das que já tem algum tempo de estrada, quais são as que você acha que tem potencial para continuar honrando o gênero do Heavy Metal, do Death Metal?

Moyses Kolesne: Hoje, pra ser sincero, às vezes me foge um pouco o nome das bandas. Se parar pra pensar, até tenho na cabeça algumas, mas eu acho que meio que quem está segurando no Death Metal são as bandas antigas, que continuam levando o estilo do Death Metal mais brutal, CANNIBAL CORPSE, que está no topo do Death Metal, MORBID ANGEL, que está voltando. Tem SUFFOCATION, tem IMOLATION. No Brasil tem o REBAELLIUN, como você falou, tem o ANGEL CORPSE, falando mais em Death Metal mesmo. Tem o DECOMPOSED GOD, que é do Recife. Tem muitas bandas muito boas, muitos moleques vindo com tudo, com bastante força, uma vibe boa. Eu acho que o futuro é promissor. Tem muita banda ainda tocando. O Death Metal está forte, tanto que a gente vai tocar nesse Summer Slaughter nos Estados Unidos, que é um país que dizem que é super modista e não sei o que, mas está lá o festival que está reunindo os nomes bem brutais da cena atual e, com certeza, levando o Death Metal para um patamar mais elevado e tentar resgatar o que o Death Metal era alguns anos atrás [o festival aconteceu em agosto com nomes como CANNIBAL CORPSE, NILE, SUFFOCATION e o próprio KRISIUN].

Daniel Tavares: Vocês já dividiram o palco com muitas bandas que vocês eram fãs, que vocês ainda são fãs. Vocês já viram também alguns músicos dessas bandas bangueando no show de vocês, curtindo o show de vocês. Como é que é essa sensação de dividir o palco com um CANNIBAL CORPSE, de depois ver que o CANNIBAL CORPSE está bangueando no show de vocês? Como é que é, o que é que você sente?

Moyses Kolesne: Ah, o reconhecimento de um trabalho, né? Tipo, os caras são os papas do Death Metal. Não só eles, mas bandas... a gente tocou num festival europeu e eu vi o Kerry King [SLAYER], o Gary Holt [SLAYER/EXODUS], os caras tudo atrás do palco vendo o show, os caras do SEPULTURA, RATOS DE PORÃO. Teve até o Bill Ward do BLACK SABBATH mencionando o KRISIUN. Então, pra nós isso aí é uma satisfação muito grande. É o reconhecimento de um trabalho em que a gente se sente realizado. Mas sempre com o pé no chão. A gente não se deslumbra com nada, sabe que o som tem essa característica que é diferente das bandas europeias, americanas... tem um som tipicamente brasileiro, mais cru, mais visceral. E a gente consegue levar essa característica, essa identidade própria e, por isso, talvez, esses caras dessas bandas veem o KRISIUN como algo próprio, algo que tem uma identidade própria, não precisa ficar copiando eles. Então os caras talvez admirem esse lance.



Fonte: Whiplash.net

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