domingo, 26 de julho de 2020

RESENHA: DEATH BY METAL – A HISTÓRIA DE CHUCK SCHULDINER E DO DEATH


A biografia do Death surgiu como uma surpresa. O livro foi anunciado pela editora Estética Torta, logo na sequência da divulgação da biografia de Ronnie James Dio, e o fator surpresa, ao qual me refiro, diz respeito ao fato de ser uma obra focada em um artista de música extrema, fato pouco usual em nosso mercado editorial.
O tempo está demonstrando que não foi um ponto fora da curva, já que posteriormente vieram os anúncios de livros sobre o Black Metal norueguês e sobre o Cannibal Corpse, intercalados com bios focadas em artistas clássicos do naipe de Whitesnake e André Matos. Já é o suficiente para identificarmos um equilíbrio promissor.
E promissor tem se revelado também o acabamento do produto. Há vários pontos de diferença entre “Death By Metal – A História de Chuck Schuldiner e do Death” e o livro sobre Ronnie James Dio. A capa dura, com um efeito de relevo no nome “Death”, valorizou o efeito do preto-e-branco na foto de Chuck. A boa tradução e o texto bem escrito contam pontos valiosos. O italiano Rino Gissi é o autor e entregou uma narrativa bem analítica sobre Chuck e sua obra.
Seguindo a natural ordem cronológica dos fatos, vemos o nascimento do Death, desde a época que chamava-se Mantas, e somos transportados por todos os seus sete álbuns e o do Control Denied, em capítulos que abordam o processo de agregação dos músicos que participaram das gravações, a contextualização da época, fazendo relação com o que estava acontecendo no universo da música pesada em cada período, e a análise sobre cada uma das faixas gravadas, inserindo trechos de letras e comentando sobre seus possíveis significados.
O livro também é repleto de notas de rodapé, ajudando a detalhar alguns tópicos específicos que poderiam deixar o texto principal truncado. Tudo para transmitir o tipo de pessoa que Chuck foi. Decerto que há diversos relatos e depoimentos que dão a visão de sua tão falada personalidade difícil. Chuck é apresentado constantemente como exigente e perfeccionista, mas por vezes também como um sujeito amigável, sincero e que valorizava seus fãs, compartilhando com eles o amor pelo Heavy Metal. A busca de Chuck era pela qualidade e evolução da música que fazia, mas não se esquivava de aproveitar o espaço das letras para enviar mensagens contra aqueles que o decepcionaram.
Há alguns defeitos no livro que precisam ser apontados. Um é o sempre lamentável caso das falhas de revisão. São bem poucas, felizmente, mas estão lá e – necessário ressaltar – não devem ser atribuídas ao trabalho de tradução, pois Guilherme Maionchi realizou um ótimo serviço. São erros pequenos, que poderiam passar despercebidos, como, por exemplo, uma música ser citada como “Ritual Zombie”, ao invés de “Zombie Ritual”, mas os mais atentos podem identificar e isso é algo que sempre tende a macular a obra. O outro ponto negativo é a quantidade irrisória de fotos. Há uma farta exposição de imagens de capas de discos, de demos, cartazes e flyers de shows, mas fotos talvez umas cinco, e estou colocando a capa e a contracapa na conta. Nesse ponto, o livro de Ronnie James Dio era bem mais rico.


Esses fatores devem ser trazidos à tona, pois o intuito – tanto de editoras, quanto de leitores – é que haja sempre o melhor produto à disposição. “Death By Metal” não perde, porém, o seu valor por isso. É um livro essencial e somos felizardos pelo fato dele ter sido lançado em nosso país. A Estética Torta teve a boa iniciativa de fazê-lo e, considerando o que já mencionamos aqui como futuros lançamentos, é uma editora que precisa ser acompanhada de perto. Que venham mais livros como esse!
Fonte: Roadie-metal.com

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