Confesso não ser o fã mais ardoroso do Sepultura, acompanhando esporadicamente a banda e sendo sincero, o último lançamento que tive curiosidade de saber do que se tratava foi o de “A-Lex“, em um já longínquo 2009 e graças a sua temática sobre o filme Laranja Mecânica, o que no fim das contas não se mostrou nada genial ou marcante. De lá pra cá a banda já passou por três lançamentos, dois dos quais vi somente alguns vídeos e nada que me fizesse despertar algum interesse na audição dos mesmos, e onde chegamos ao último trabalho de estúdio dos caras, “Machine Messiah“, que causou boa impressão por aí, e numa de “Maria vai” com as outras resolvi dedicar um tempo ao dito cujo, e… Bem, deixando claro aqui, como já falei não sou o fã mais entusiasta da banda, reconheço sua importância na cena nacional, e também não faço parte de nenhuma torcida “Max ou pós Max”, portanto o que se segue é totalmente focado no álbum em si, sem comparações com isso ou aquilo.
Pois bem, iniciando a coisa os dedilhados da faixa título chamam um Derrick Green cantando em voz limpa e melódica, de forma arrastada e que ficou um tanto legal, tendo um andamento bem diferente do habitual para a banda, mais ao estilo Gothicque Thrash, mas logo as coisas mudam, e lá vem o vocal rasgado do gigante que dão um clima bem sombrio para a faixa, fora um solo audível, não aquela já conhecida barulheira e microfonias de outrora. Um começo bastante interessante.
“I Am the Enemy” traz a forma atual do Sepultura em conduzir suas composições, faixa rápida, sem muitas mudanças, só uma leve passagem em sua metade, mas nada além, e vocais estridentes. Já “Phaton Self“, traz um início que lembra um baião, logo em seguida uma leve influência de death, que a banda vem adotando hà um certo tempo, faixa bastante pesada e arrastada, com refrão forte e um solo muito bom, hora conduzido por guitarra, hora por instrumentos orquestrais, uma outra novidade para a banda e se encaixou muito bem na música.
Com um introdução de tambores, e muito bem composta pelo monstrinho cria de Aquiles Priester, Eloy Casagrande, que já vem mostrando ser um dos maiores nomes da bateria no país. “Alethea“, é uma faixa desconcertada, cheia de contratempos e mudanças de compasso, seu solo causa um nó na cabeça e precisa ser ouvida umas duas vezes para ser realmente entendida.
E mostrando seu lado mais, digamos, progressivo, “Iceberg Dances“, faixa instrumental do disco é muito bem elaborada, com um trabalho um tanto versátil e fora dos padrões habituais, com violões, sintetizadores e muitas quebradas e bastante peso. Grande trabalho aqui mostrando uma musicalidade diferente e bem elaborada.
“Sworth Oath” nos traz de novo a sensação do Gothic Metal, numa introdução carregada, pesada e melódica, com levada cadenciada, com muito groove e outro refrão forte e cheia de pedais duplos fritando. Particularmente foi a faixa que mais me pegou no disco todo, lembra vagamente algo saído de um disco do Dimmu Borgir, rica, melódica e pesada, estupenda e bem acima de padrões “sepulturianos“.
Com finalmente algum vislumbre de baixo, “Resistant Parasites“, é outra faixa de groove e cadência, com cavalgadas dos pedais de Eloy, e guitarra de Andreas enfurecida, parecendo uma catapulta pronta a disparar, e como Derrick berra aqui, causando um clima de insanidade e desconstrução, a impressão é de uma fuga de loucos em um manicômio, e outro solo muito bem elaborado, longe de ser só uma barulheira e candidata à muitos bate cabeças no quarto e muitos mosh em shows.
Em uma rápida (literalmente) passagem na introdução à velha fórmula de composição, “Silent Violence” invoca o Sepultura de outro momento, só que maior e melhor trabalhado, mais bem composto. Faixa pra se cantar junto, com vocal forte e levada pesadíssima e um trampo de batera extremamente bem composto. E em seguida, “Vandal Nest” invoca o Slayer, na melhor velha fórmula de Thrash Metal, saudosistas vão amar, mas podem se decepcionar um pouco em seu refrão cantado em voz limpa, o que particularmente achei muito bom, outra que me prendeu bastante.
Fechando o disco, “Cyber God” inicia em contratempo, numa faixa que como no início traz um tom mais carregado e vozes limpas, e muitas, mas muitas cavalgadas de bateria, lindas de se ouvir. Um final bem apoteótico na verdade, com cara de dever cumprido, sem se alongar muito.
Em cima de críticas ou falatórios, a banda continua sua estrada e como falei no início, longe de qualquer comparação ou história, analisando o disco como um, é uma bela obra do gênero, rica e extremamente bem composta, em pequenas, mas que fizeram diferença, experiências novas. Um belo disco para o Sepultura!
Fonte: Roaadie-metal.com
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