Há alguns meses, uma notícia que pegou todo o cenário nacional headbanger de surpresa foi a rompimento repentino da banda Nervosa, resultando assim na saída de Fernanda Lira (vocal e baixo) e de Luana Dametto (bateria). Algumas poucas semanas depois, a guitarrista Prika Amaral, a única remanescente da banda, já estava anunciando a nova formação do grupo, que passaria a contar com Diva Satanica no vocal, Mia Wallace no baixo e Eleni Nota na bateria.
Mais algumas semanas depois, foi a voz das próprias Fernanda Lira e Luana Dametto anunciarem a Crypta, seu mais novo projeto de Death Metal com as guitarristas Sonia Anubis e Tainá Bergamaschi.
Com isso, os fãs começaram a especular diversas teorias e possíveis tretas que levaram ao rompimento da formação anterior da Nervosa, ainda também levando o fato da nova formação da banda ter sido anunciado tão rapidamente, e também pelo fato que a Crypta era um projeto que estava em curso desde 2019.
A vocalista e baixista Fernanda Lira falou um pouco sobre isso em entrevista para o Metal Na Lata, onde deixou claro que a saída dela da Nervosa foi a mais amigável possivel.
“Acho que é primeiramente tão difícil (as pessoas entenderem que a vida segue e que nem sempre rompimentos são movidos ao ódio) pelo próprio formato em que a nossa sociedade vem sendo moldada. Nas novelas, filmes, abordagem das notícias em alguns programas de TV, por exemplo – na maioria das vezes tudo é apresentado de maneira caótica, presa a círculos e tendências pra causarem grandes comoções. É treta na novela, são romances impossíveis e separações trágicas para fazer a gente chorar nos filmes, é sensacionalismo na TV e notícias. Tudo baseado na premissa de causar comoção“.
Fernanda também criticou um pouco esse modo de pensar das pessoas nesse tipo de situação.
“Esse tipo de abordagem, na minha opinião, às vezes acaba viciando quem consome aquilo, ou seja, todos nós, em níveis diferentes. Então naturalmente acabamos tendo uma tendência a preferir e até reproduzir esses padrões que nos cercam o tempo todo. Nos sentimos desconfortáveis com relacionamentos brandos sem ‘fortes emoções’, não gostamos de um filme se não tem um fim apoteótico, damos mais importância a notícias negativas do que positivas, pois em muitas vezes a raiva, a indignação, liberam uma sensação mais bombástica no nosso corpo físico“.
Segundo a musicista, é normal que as pessoas criem essas teorias, e que isso é algo que ela lida desde o início da banda.
“Venho refletindo sobre esse estudo social há muito tempo e quando vi o pessoal criando essas conspirações, querendo ‘lavação de roupa suja’, só comprovou minha teoria (risos). É muito difícil para as pessoas que haja um término que não precise causar neles uma sensação de tragédia, e aí eu acho que é meio que natural as pessoas não sossegarem até criarem teorias ou acharem explicações que tenham esse impacto. Uma pena, pois não acho nada saudável para ninguém, mas não me surpreendeu em nada. Desde o começo da Nervosa ouvimos conspirações de todo tipo que você imaginar, então já imaginava que na separação não seria diferente“.
Fernanda também falou sobre o estilo que será adotado pela Crypta, que terá um som mais puxado para o Death Metal, mesmo ela tendo se consolidado no meio Thrash Metal, que era onde a Nervosa estava encaixada.
“Quanto ao estilo, também não se aplica. Eu adoro o Thrash Metal da mesma maneira que curto Death Metal, mas tenho um carinho especial pelo Thrash Metal, pois foi o estilo que realmente me fez desenvolver um ‘sangue no zóio’ para ter uma banda mais séria e jamais comprometeria a principal premissa da Nervosa somente por uma eventual mudança de gosto. Faz parte do profissionalismo ao trabalhar com música saber dividir isso. Mesmo quando a Crypta ainda era um projeto paralelo, eu tinha inspiração para ambas as bandas e o que soava mais Thrash Metal, eu guardava para a Nervosa e o que era mais ‘deathão’, usava na Crypta. Por mais que todas passamos a escrever mais riffs e levadas Death Metal para a Nervosa, principalmente no ‘Agony’ (2016) e no ‘Downfall of Mankind’ (2018), a ideia principal era ainda se manter fiel ao Thrash Metal, porém com umas pitadas a mais de Death Metal“.
Você podem ler a entrevista na íntegra
aqui.
Fonte: Roadie-metal.com
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