O Heavy Metal é um gênero que possui muitas figuras lendárias, mas não sei se alguma delas pode chegar a obter a mesma importância e o mesmo impacto de Ozzy Osbourne. Provavelmente não.
John Michael Osbourne iniciou sua carreira no final dos anos 60 e início dos 70. O primeiro disco gravado por Ozzy é nada menos que o disco de estreia do Black Sabbath, certamente reconhecido como marco zero do Heavy Metal.
Uma trajetória gigante
Com o Sabbath, Ozzy gravou uma sequência inacreditável de clássicos, como o álbum autointitulado em 1970, “Paranoid” (1971), “Master Of Reality” (1971), “Vol 4” (1972), “Sabbath Bloody Sabbath” (1973) e “Sabotage” (1975). Além disso, ele emprestou sua voz de assinatura ímpar para hinos do porte de “War Pigs”, “Iron Man”, “Paranoid”, “Children Of The Grave”, “Snowblind”, “Sabbath Bloody Sabbath”, “Sympton Of The Universe” e tantas outras da mesma estirpe.
Ao lançar sua carreira solo no início da década de 80, seguiu apresentando trabalhos icônicos como “Blizzard Of Ozz” (1980), “Diary Of A Madman” (1981), “Bark At The Moon” (1983), “The Ultimate Sin” (1986) e, mais tarde, “No More Tears” (1991) e “Ozzmosis” (1995). Com esses discos, uma nova enxurrada de hits surgiram e Ozzy deixou de ser um mero mortal para se tornar uma lenda.
Músicas como “Crazy Train”, “Mr. Crowley”, “Suicide Solution”, “Flying High Again”, “Over The Moutain”, “Bark At The Moon”, “Shot In The Dark”, “No More Tears”, “Mama, I’m Coming Home” e “Perry Mason”, entre outras, elevaram a carreira de Ozzy a um patamar ainda mais alto que em sua época de Black Sabbath.
Os números não mentem!
Estima-se que Ozzy tenha vendido mais de 100 milhões de discos ao longo de sua trajetória, somando as fases no Black Sabbath e solo. Ele também foi o primeiro artista de Heavy Metal a ter uma estrela tanto na Calçada da Fama de Hollywood quanto na Calçada da Fama da Música do Reino Unido.
Em termos de premiações, Ozzy recebeu quatro Grammy Awards, incluindo o de Melhor Performance de Metal por “I Don’t Want to Change the World” e pelo álbum do Black Sabbath. “13″. Além disso, foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame como membro do Black Sabbath em 2006 e solo em 2024. Ele recebeu o Ivor Novello Award por sua contribuição excepcional para a música britânica, assim como também consolidou sua imagem pop com o reality show The Osbournes, que ganhou um Emmy, provando sua influência que vai além do Metal. Dessa forma, seu legado é celebrado em festivais como o Ozzfest, criado por ele e sua esposa, Sharon Osbourne, que ajudou a popularizar dezenas de bandas e a fortalecer a cena do Metal mundial.
O resultado dos excessos
Uma outra coisa que Ozzy fez muito bem ao mesmo tempo em que nos abastecia com inúmeras composições marcantes, foi abusar do seu corpo. É fato e notório que o vocalista cometeu excessos mil durante sua juventude. E, evidentemente, sabíamos que um dia estes excessos iriam cobrar seu preço.
Nos últimos anos, infelizmente, nosso querido Madman passou a sofrer de muitas debilidades físicas que abalaram sua carreira e sua vida pessoal. O lendário vocalista do Black Sabbath foi diagnosticado com a doença de Parkinson em 2019, algo que ele mesmo descreveu como devastador. Antes disso, sofreu uma infecção grave na mão que precisou de cirurgia e o deixou hospitalizado. Em 2019, também passou por uma cirurgia após uma queda em casa. Isso agravou antigas lesões na coluna, decorrentes de um acidente de quadriciclo em 2003. Esses episódios o forçaram a cancelar várias turnês e compromissos importantes, o que afetou diretamente sua rotina e seu contato com os fãs.
Além desses problemas, Ozzy teve complicações respiratórias, pneumonia e chegou a enfrentar uma hospitalização prolongada por causa de gripes severas que evoluíram perigosamente, considerando sua saúde fragilizada. Em 2022, precisou passar por uma delicada cirurgia no pescoço e na coluna para corrigir danos causados pelas quedas anteriores. Desde então, ele passou um longo processo de reabilitação e, finalmente, em fevereiro de 2023, anunciou sua aposentadoria das turnês.
O último combate
Ozzy praticamente não anda mais, o Parkinson tem evoluído rapidamente e toda a comunidade Metal se questionava se o músico realmente conseguiria performar. Mais do que isso, a preocupação e consequente medo era de Ozzy passar algum tipo de vexame internacional desnecessário a esta altura de sua vida. Não seria justo com um músico que nos deu tanto, ficar lembrado por isso no futuro.
Sabendo de tudo isso, o cantor se preparou, ensaiou, lutou contra suas dores e contra seu próprio corpo. No dia 5 de julho de 2025, no Villa Park, por volta das 18:40, os fãs de Heavy Metal voltaram suas atenções à Birmingham. Todos estavam com os olhos vidrados na transmissão do evento para ver Ozzy pela última vez em cima de um palco e cantando seus clássicos.
Em meio ao turbilhão de emoções e a gratidão pelo que foi feito em mais de 50 anos, vimos a batalha final de um gigante. Ozzy cantou, nos emocionou, se emocionou, brincou e, acima de tudo, venceu!
Se o desafio era se despedir dignamente num evento de proporções mundiais e sair de cena dignamente, podemos cravar que isto foi cumprido com louvor.
Daqui para a eternidade
O show solo teve 4 músicas (“I Don’t Know”, “Mr. Crowley”, “Mama, I’m Coming Home” e “Crazy Train”), enquanto o show do Black Sabbath trouxe mais 4 (“War Pigs”, “NIB”, “Iron Man” e “Paranoid”). E sim, provavelmente, este foi o maior e mais importante evento da história do Heavy Metal. Os grandes pioneiros e criadores do estilo musical que amamos finalmente saem de cena. Com isso, abrem às portas para que uma nova geração chegue e continue nos presenteando com música de qualidade.
Ozzy foi um guerreiro. Resiliente, teimoso, obstinado, lendário e, agora, imortal.
Obrigado por tudo Ozzy, nós, os fãs, garantiremos que seu legado jamais seja esquecido. A missão está concluída.
fonte.Mundometalbr.com
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