segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Dark Angel: Gene Hogan rebate críticas à arte da capa de “Extinction Level Event”


 Durante uma nova entrevista concedida ao podcast Disturbing The Priest, comandado por Brandon Battick, o lendário baterista do Dark Angel, Gene Hoglan, foi perguntado o que ele acha do uso de inteligência artificial na criação de capas de álbuns. A banda recebeu críticas por ter usado I.A. na capa de seu últimos disco, “Extinction Level Event”.

Hoje, com a autenticidade virando quase uma raridade na indústria, muita gente torce o nariz pra esse tipo de artifício. Muitos fãs sentem que falta alma humana nas criações e enxergam a I.A como uma ameaça ao aspecto artesanal e visceral que sempre fez parte da cultura do metal. Mas há quem veja nessa nova era uma ferramenta criativa poderosa, capaz de expandir fronteiras estéticas. Veja a declaração de Gene Hoglan:

“Não me importo. Utilizamos I.A em nossos trabalhos. Acho que o público em geral não tem muita noção de toda a arte digital que usamos em nossas capas. Entendo que a nova geração de pessoas que usam I.A é muito contrária a ela. Não me importo. Eu gosto de arte incrível.

Levamos três anos para criar a arte para [‘Extinction Level Event’], e grande parte dela veio dos meus conceitos. E isso é algo que vocês verão nas edições de luxo e em outros lugares — cada música tem seu próprio painel com sua própria arte, que, na maioria das vezes, quando possível, relacionamos ao tema da música. E é uma arte incrível. Arte incrível é arte incrível.

Quando as pessoas começaram a usar computadores para criar arte, a fazer arte gerada por computador, há 40 anos, tenho certeza de que os artistas que usavam pincel e pontilhismo e tudo mais pensavam: ‘Por que fazer isso no computador? Isso não é arte. É uma farsa.’ Assim como há 25 anos, quando as pessoas pararam de comprar álbuns, CDs, fitas cassete e começaram a baixar e copiar músicas da internet. Era a mesma coisa. Essa era a tecnologia da época… E essas mesmas pessoas têm a mesma mentalidade agora, que não querem explorar ou me ouvir quando digo: ‘Olha, tem fotografia na nossa nova arte. O Cain [Gillis, artista da capa de ‘Extinction Level Event’] está tirando fotos e misturando-as com a imagem. E o Cain está fazendo um monte de coisas no computador.’

Não sou artista, não entendo nada de computadores, mas compreendo que haja uma certa reação negativa. E eu penso: ‘Bem, se você quer se privar do prazer da música do Dark Angel porque tem seus pontos de vista, que não estou dizendo que sejam equivocados, mas acho que as pessoas não entenderam muito bem…’ Como eu disse, as pessoas não entendiam há 20 anos, quando essas bandas investiam muito dinheiro nesses discos e agora nós os baixamos de graça ou ouvimos suas músicas gratuitamente.

                                          

Todo mundo tem sua opinião. Eu, particularmente, não ligo. Adoro nossa arte, e se nossas opiniões divergem, beleza. Vou ter uma opinião diferente, mas sei exatamente todo o trabalho que foi investido nisso. Vou dizer uma coisa: se alguém pensa que nosso artista, Cain, simplesmente digitou um comando em um gerador de I.A e surgiu essa obra de arte perfeita, isso está longe de ser verdade. Deu muito trabalho — trabalho humano de verdade. Cain me disse que passou mais de — acho que foram 2.000 horas na arte deste álbum. Imagine um artista cobrando por hora, e tenha isso em mente. E acho que é por isso que as pessoas dizem: ‘Tira dinheiro do bolso do artista’. Não, não tirou. Este é o nosso artista. Eu disse: ‘Quero arte assim. Faça o que quiser, cara. Você é o nosso artista. Dê um jeito.’ E aí ele me mandava as coisas. E dizia: ‘Isso está incompleto. Levei seis dias para descobrir, renderizar e trabalhar nisso intensamente. Ainda tenho muito trabalho pela frente.’ E eu respondia: ‘É, gostei desse.’ Temos milhares de obras de arte, todas em processo de criação, cada uma em um determinado estágio de conclusão.

Quando se trata de qualquer coisa que eu faça, sempre me guiei pela minha intuição, e meus instintos me diziam: ‘Bem, acho que essa abordagem está aqui’. Não somos os primeiros a utilizá-la, mas nossa arte definitivamente não foi feita exclusivamente por I.A… E quando isso começou, não houve uma reação tão vocal quanto talvez haja hoje em dia contra quem usa essa tecnologia, mas não somos os primeiros, e definitivamente não seremos os últimos. Então, você pode lutar contra isso. E eu admiro aqueles que, há 25 anos, hoje em dia, lutam contra o streaming e dizem: ‘Vou comprar o produto físico’. Sei que muitos amigos meus entraram em contato comigo e disseram: ‘Adorei o novo álbum. O som está ótimo. Adorei a arte. É incrível’. Então, minha percepção é diferente.”


Fonte: Mundometal.com 

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