Elektra
Após dois elogiados discos lançados pela Megaforce Records, “Kill’Em All” (1983) e “Ride The Lightning” (1984), de propriedade do saudoso Jon Zazula, havia chegado o momento do Metallica fazer um lançamento por um grande selo. No dia 3 de março de 1986, a Elektra Records lançava “Master Of Puppets”, mantendo o produtor do álbum anterior, Flemming Rasmussen.
Como era esperado, o terceiro full lenght fez com que o nome Metallica alcançasse e convencesse mais fãs de música pesada pela pelo mundo, levando a eles parte do néctar do recém-surgido Thrash Metal.
Como acontece em quase todos os álbuns clássicos resenhados por mim, tenho a minha história particular com o disco. Quando eu tinha 13 anos, comecei o meu caminho com o Hard Rock 70’s, com Deep Purple e Uriah Heep, principalmente. Em seguida, conheci Iron Maiden, “Killers”, “Iron Maiden”, “Powerslave” e “The Number Of The Beast”, assim sendo, meus primeiros contatos com Thrash Metal foram desastrosos, já que eu ainda não estava adaptado àquele tipo de música. Na minha concepção, não passava de barulho. Certo dia, não lembro exatamente o ano, um amigo, Selmer, me convidou para ir ouvir um disco em sua casa na tentativa que eu mudasse esse conceito equivocado. Não poderia ter dado mais certo. As duas primeiras faixas foram suficientes para me convencer e meu caminho verdadeiro com o Thrash começou nesse dia, depois conheci Slayer, Megadeth, Testament, Exodus e todos os demais, posteriormente até os dias atuais.
A introdução acústica de “Battery” tem uma atmosfera sombria que arrepia até a alma, desencadeando, em seguida, o mais puro Thrash Metal da escola americana. A química dos quatro instrumentistas é fabulosa, porém, é somente o prelúdio da maravilhosa obra de arte que vem a seguir.
A canção que intitula o álbum, “Master Of Puppets”, não está somente entre as melhores do subgênero Thrash Metal, mas do Metal como um todo. Ela é o extremo oposto do que eu pensava que fosse Thrash antes daquele dia na casa do Selmer. “Master Of Puppets” desmente qualquer um que diga que é impossível compor Thrash Metal sem melodia, feeling, técnica e competência musical absoluta. Verdade que ela é incomum dentro do subgênero, porém faz parte do meu tutorial pessoal de como verdadeiramente Thrash deve ser. Seus solos de guitarra são de altíssima classe. Eu jamais conseguirei expressar em palavras todos os elogios merecidos por ela. O conteúdo lírico fala sobre a dominação que a droga exerce sobre o viciado, até nisso, como ex adicto que sou, ela se encaixa perfeitamente com a minha personalidade. A série televisa Stranger Things, em 2022, colocou “Master Of Puppets” no topo das paradas e muita gente teve a oportunidade de conhecer essa masterpiece da música pesada.
“The Thing That Should Not Be” é bem mais cadenciada que as duas anteriores, todavia seus riffs despertam um clima épico impagável. Já é possível notar aqui a transformação sonora severa que o quarteto sofreria com o passar dos anos, apesar de que o Metallica jamais afundou o pé no acelerador em sua parte rítmica. “Welcome Home (Sanitarium)” está entre meus destaques do disco. Eis uma power ballad de primeiríssima classe, na qual parece que tudo foi pensado e elaborado sob medida. É bom ressaltar que há os momentos mais pesados nos quais a pegada Thrash continua presente de forma intensa.
“SANATÓRIO / DEIXE-ME SER O QUE SOU / SANATÓRIO / APENAS ME DEIXE EM PAZ.”
“Disposable Heroes” é uma das injustiçadas do álbum, pois deveria ter se tornado clássico, porém com o passar dos anos, ela não se tornou obrigatória nos set lists, mesmo tendo a mesma qualidade das principais canções do tracklist. Sua letra fala sobre guerra e quer tema que combine melhor com Thrash Metal que esse?
VOLTE À FRENTE DE BATALHA! / VOCÊ FARÁ O QUE EU DISSER, QUANDO EU DISSER / VOLTE À FRENTE DE BATALHA! / VOCÊ VAI MORRER QUANDO EU DISSER, VOCÊ DEVE MORRER / VOLTE À FRENTE DE BATALHA! / SEU COVARDE, SEU SERVO, SEU CEGO.”
Seguindo com riffs pesados e canção com ambiente intenso, temos “Leper Messiah”. É impressionante observar a excelente fase a qual se encontrava Lars Ulrich, pois suas linhas de bateria estão impecáveis aqui. O vocal de Hetfield está perfeito para a sonoridade e o mesmo podemos dizer de sua dupla de guitarras com Kirk Hammett. O saudoso Cliff Burton gravou o seu disco de despedida e nem tinha ideia disso, pois o acidente da turnê na Suécia, meses após o lançamento do “Masters Of Puppets”, apagou todas as suas futuras performances, mas esse assunto não é para esse momento. Eu sempre digo que os temas instrumentais fomentam momentos de valor imensurável na audição de qualquer álbum e “Orion” é, indubitavelmente, um dos melhores exemplos do que digo. Temos aqui, um disco dividido entre momentos bons e formidáveis.
PERFEIÇÃO, O NOME E SOBRENOME DESSA CANÇÃO, “ORION”.
Cabe a “Damage. Inc”, o papel de encerrar o “Master Of Puppets”. Depois de momentos mais brandos, voltamos ao ritmo mais alucinado das duas primeiras faixas, ou seja, regressamos ao Thrash da melhor forma com a qual ele é conhecido.
Ouço, até hoje, um disco que foi pensado em todos os detalhes, tudo foi bem elaborado e escolhido, desde a ordem das canções, suas composições e escolha de cada um dos timbres na produção.
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