terça-feira, 14 de outubro de 2025

Paradise Lost paga royalties às famílias das vítimas de Charles Manson até hoje por causa dessa música

 
                                             

“Forever Failure”, do álbum “Draconian Times” (1995), é uma daquelas faixas que mostram exatamente o que faz o Paradise Lost ser tão único dentro do metal sombrio dos anos 90. Melancólica, pesada e introspectiva, a música carrega uma aura quase hipnótica e uma curiosidade meio macabra por trás dela. A banda precisou pagar royalties às famílias das vítimas de Charles Manson, porque usou falas reais do próprio Manson por duas vezes ao longo da faixa. É um detalhe mórbido, sem dúvida, mas totalmente coerente com a proposta do Paradise Lost naquela fase: mergulhar em temas sombrios, existenciais e cheios de decadência humana. E o mais curioso é como essa escolha dá um peso ainda maior à canção: aquele tom de insanidade e desespero que abre “Forever Failure” parece encaixar perfeitamente na mensagem de derrota e desencanto que ela transmite.

O guitarrista Gregor Mackintosh, relembrou o processo de composição e gravação de “Draconian Times” e falou sobre a “Forever Failure”, entrevista à Metal Hammer:

“Como não tínhamos folga e estávamos compondo na estrada, penso no Draconian Times como uma versão chique do Icon. Adotamos esse novo estilo durante o Icon e o aperfeiçoamos durante o Draconian Times. Estávamos nos referindo a coisas como Rush e Queensrÿche como influências de produção, porque queríamos que soasse… quase como um estádio, por assim dizer. Estávamos pensando em coisas como The Cult, tornando-as o mais polidas e precisas possível.

A primeira coisa que foi escrita para a música foi o solo, o que é estranho, porque geralmente é a última coisa a vir. Costumávamos compor e gravar em um gravador, geralmente começando com o riff, mas eu toquei esse solo para o Nick [Holmes, vocalista] e ele disse que o lembrava de uma musiquinha estranha como ‘I Left A Cake Out In The Rain’, do Richard Harris [o título é MacArthur Park]. Se você não conhece, é uma musiquinha folk estranha dos anos 60, e esse solo que se tornou Forever Failure tinha uma espécie de crescendo semelhante. Então, enquanto escrevíamos a música, ele me empurrou por esse caminho. Eu estava tentando escrever uma música de doom metal e ele estava me empurrando para uma direção mais extravagante, o que ele também estava fazendo vocalmente, então simplesmente virou essa… coisa.”

Ele continuou:

“Achamos que a parte do breakdown, a pequena parte acústica, precisava de algo ali. Tínhamos acabado de assistir a um documentário do Charles Manson, The Man Who Killed The Sixties, e havia uma parte realmente comovente em que ele resume todo o documentário e achamos que deveríamos usá-la. Eu não tinha ideia de que seria tão difícil conseguir, mas conseguimos e colocamos na música. O que não percebemos é que, para conseguir isso, teríamos que efetivamente pagar royalties da música às famílias das vítimas dele. E temos feito isso desde então.”

Nosso empresário na época não gostou muito. Houve um pouco de discordância aqui e ali, mas, mesmo com toda a burocracia, o Nick realmente queria usar. Para ser justo, não poderíamos ter usado mais nada daquele documentário porque era tudo uma loucura!”

O disco alcançou a 16ª posição na parada de álbuns do Reino Unido:

“No Reino Unido, principalmente, foi bem chocante para nós. Era praticamente impossível conseguir esse tipo de sucesso naquela época para uma banda de metal aqui. Aliás, acho que no meio da semana chegou ao Top 10, e isso fez com que muitos especialistas da indústria dissessem: ‘Uau! Uma banda de metal no Top 10!’… mesmo sem ter chegado ao Top 10. Não recebe os mesmos elogios hoje em dia, mas naquela época as posições nas paradas realmente faziam os figurões se sentarem e prestarem atenção, e isso pode abrir portas para você; pode te colocar em turnês e em festivais, o que definitivamente aconteceu conosco. Não foi apenas o nosso auge, foi o auge do metal e da nossa indústria, na verdade. Foi a última vez que você conseguiu um álbum que vendesse seis dígitos em vários países.”

 
                                                      

fonte. mundometalbr.com

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